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OLIVEIRA, Jelson; POMMIER, Eric. (orgs.) Vocabulário Hans Jonas. Caxias do Sul: EDUCS, 2019.

A contaminação do planeta, a crise climática, a onda de extinção das espé­cies, a exploração desenfreada dos recursos naturais, a poluição e aque­ci­mento dos oceanos, a erosão dos solos e a ameaça da integridade da vida em geral, inclusive a humana, tornaram-se problemas centrais da ética con­temporânea. Poucos autores levaram essas questões tão a sério quanto o filósofo alemão Hans Jonas, cuja obra magna O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica completa 40 anos, man­ten­do relevância e atualidade. Jonas não apenas diagnostica a crise, mas corajosamente propõe uma solução ética baseada no apelo da respon­sabili­dade do ser humano dian­te da vida, em um tempo em que os poderes da técnica avançam deste­mida­mente, colocando em risco o mundo extra-hu­mano e as gerações do futuro. O Vocabulário Hans Jonas reúne alguns dos mais importantes pesqui­sadores e pesquisadoras em nível internacional: são 31 autores de oito países e 24 dife­rentes instituições de ensino que comentam 33 entre os vocábulos mais cen­trais da obra jonasiana. Voltado ao objetivo de compreender melhor tal voca­bulário, este livro não está restrito aos pesquisadores da obra de Hans Jonas. Ao contrário, dada a atualidade e a fertilidade das temáticas, bem como o esti­lo ao mesmo tempo qualificado do ponto de vista acadêmico e acessível do pon­to de vista estilístico, ele pode ser usado como material de consulta im­pres­cindível por todos aqueles que querem compreender os temas ligados ao dualismo gnóstico que marca nossa cultura, ao avanço da tecnologia, à con­cepção da vida e às exigências éticas da responsabilidade.

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 OLIVEIRA, Jelson. Compreender Hans Jonas. Petrópolis: Vozes, 2014.

Nascido no ano de 1903, Hans Jonas está entre os mais proeminentes filósofos do século XX tendo escrito um dos mais influentes tratados no campo da reflexão ética contemporânea: O princípio responsabilidade - ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Aluno de Heidegger, Husserl e Hans Blumenberg e colega de H. Arendt e G. Anders, Jonas se destacou por sua maturidade ao tematizar a reflexão sobre a responsabilidade no campo ético, a partir de um diagnóstico do aumentado poder da técnica e da insuficiência das éticas tradicionais. Dentre outros assuntos, este livro explica quem é Jonas, quais elementos dão unidade ao seu pensamento e qual é o itinerário que unifica e dá consistência à sua filosofia.

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LOPES, Wendell E. S. Hans Jonas e a diferença antropológica. São Paulo: Loyola, 2017.

Hans Jonas tornou-se notório por suas pesquisas sobre o gnosticismo, especialmente com seu opus magnum, Das Prinzip Verantwortung [O princípio responsabilidade] (1979). Mas como o próprio filósofo reconhece, sua ética está intrinsecamente conectada com sua biologia filosófica, fase de sua obra menos conhecida e estudada em nosso contexto nacional. Este livro se revela um trabalho pioneiro capaz de suprir justamente essa desfavorável lacuna dos estudos jonasianos no Brasil, pois traz uma análise aprofundada da biologia filosófica de Jonas, tomando como chave hermenêutica o que o autor designa por “diferença antropológica”, o que nada mais é do que levar a cabo a diretriz indicada pelo próprio filósofo, já que, diz Jonas: “Minha opinião é a de que a filosofia deve elaborar uma nova doutrina do ser. Nesta, a posição do homem no cosmos e sua relação com a natureza deveriam estar no centro da meditação”.

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Hans Jonas. Matéria, espírito e criação. Trad. de Wendell E. S. Lopes. Petrópolis: Vozes, 2010.

O livro que o leitor tem em mãos representa uma das maiores chaves de compreensão da vasta obra de Hans Jonas. Em Matéria, Espírito e Criação, o filósofo resgata o próprio direito natural da filosofia: pensar o Ser da natureza e a natureza do Ser. O espectro de problemas tratados é infindável: das primeiras formações da matéria com a explosão primordial até chegar à experiência reflexiva do espírito e à questão sobre Deus - mesmo o enigma da existência de vida extraterreste não é deixado de lado, sendo antes tratado com uma lucidez espantosa.

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FONSECA, Lilian Simone Godoy. Biotecnologias – novos desafios e nova responsabilidade a luz da ética de Hans Jonas. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2015.

Este livro examina a formulação ética do filósofo alemão Hans Jonas como resposta possível ao desafio colocado pelos avanços biotecnológicos dirigidos à aplicação em seres humanos não apenas com o propósito de curar, mas de aperfeiçoar ou de hibridar a espécie humana com outras espécies ou mesmo máquinas. Algo que se torna cada vez mais possível, em função dos crescentes progressos das pesquisas nessa área.

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JONAS, Hans. Ensaios Filosóficos: da Crença Antiga ao Homem Tecnológico. Trad. de Wendell E. S. Lopes. São Paulo: Paulus, 2017.

Este livro é uma recolha de artigos, conferências e ensaios que versam sobre os mais variados temas: de tecnologia e revolução científica a misticismo judaico e cristão, de ética e bioética a gnosticismo e neoplatonismo. Apresentam-se, assim, os pensamentos e as reflexões do autor sobre uma ampla gama temática; no entanto, entre ensaios aparentemente díspares, entreveem-se conexões que são traçadas por meio de suas ponderações, e, por fim, o conjunto nos oferece uma apreciação dos desenvolvimentos e desdobramentos de sua filosofia ao longo de décadas de produção intelectual. 

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JONAS, Hans. Técnica, medicina e ética: sobre a prática do princípio responsabilidade. Trad. do GT Hans Jonas. São Paulo: Paulus, 2013.

Ao resgatar filosoficamente o tema da vida, apoiado nos dados das ciências biológicas, o autor aponta os desafios e as ameaças contemporâneas lançadas pela técnica, diante dos quais seria preciso formular novos critérios éticos, visto que os modelos tradicionais já não dão conta da nova realidade. O tema central da obra é o fato de que a técnica transformou o homem em seu objeto. De sujeito da tecnologia, os avanços no campo da medicina e da moderna biotecnologia fizeram do ser humano um objeto, ou seja, uma espécie de artefato.Quais as consequências disso no campo ético, e quais as novas experiências e obrigações daí advindas? Até onde podem ir os experimentos com seres humanos? O que restará ainda da imagem do homem caso a técnica melhorativa realizar seu projeto utópico? Em que consiste o fato, ontológica e eticamente falando, de que o homem tenha se habilitado a "refabricar inventivamente" a si mesmo? Eis alguns dos problemas tão graves e urgentes quanto polêmicos que Hans Jonas enfrenta nesta obra.

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SANTOS, Robinson dos; OLIVEIRA, Jelson; ZANCANARO, Lourenço. Ética para a civilização tecnológica: em diálogo com Hans Jonas. São Paulo: Editora São Camilo, 2011.

Ao longo de sua trajetória, Jonas se deu conta de que a forma de compreensão da vida surgida na era moderna fez com que o conhecimento do ser deixasse de ser realizado pela via da contemplação e passasse a ser formulado como utilidade, no campo das modernas ciências da vida que visavam, na verdade, um uso pratico objetivado pela necessidade de domínio da natureza. Contrapõem-se, assim, Aristóteles e bacon. Se o mundo antigo celebrava o ser e o saber como fins em si mesmos, o mundo moderno transformou o conhecimento do ser numa estratégia utilitarista cuja finalidade e dominar a natureza pela via da exploração de suas fontes de energia. A nova face do conhecimento, assim, tenta capacitar o homem para melhorar as condições de vida no planeta a custa do rebaixamento da natureza a um mero meio. O homem separa-se da natureza e transforma-se em seu algoz através da imposição de seu novo poder técnico.

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OLIVEIRA, Jelson. Negação e poder: do desafio do niilismo ao perigo da tecnologia. Caxias do Sul: EDUCS, 2018.

Este fascinante livro de Jelson Oliveira investiga as conexões entre niilismo e tecnologia, baseando-se no trabalho de Nietzsche, Heidegger e, especialmente, na obra do grande filósofo judeu-alemão Hans Jonas, não só para desenvolver uma compreensão mais profunda dos desafios colocados pelo niilismo e o modo como ele caracteriza e molda o mundo em que vivemos, mas também para propor-lhe uma viável e convincente (jonasiana) alternativa. A tecnologia não pode e não deve ser usada para superar a natureza, para ampliar a distância entre o humano e o não humano, porque nós estamos todos juntos nisso. Nós compartilhamos a vida e, vivendo e abraçando esta vida compartilhada, aqui e agora, enchemos os espaços e, se tivermos sorte, po­deremos com isso afastar para longe o espectro do niilismo.

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JONAS, Hans. O conceito de Deus após Auschwitz. Uma voz judia. Trad. Lilian Simone Godoy da Fonseca. São Paulo: Paulus, 2016. (col. Ethos)

O conceito de Deus após Auschwitz não é nem exterior ao pensamento geral de Hans Jonas nem a pedra de toque que permite extrair seu significado autêntico. Ele se apresenta, ao contrário, como um escrito que retoma os resultados anteriores do processo de pensamento do filósofo, a fim de apresentar uma tentativa de resposta a um problema moral muito específico, aquele do 'senti do' do mal radical no seio de um mundo cujo valor ele compromete.

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FARIAS JÚNIOR, João Batista. Vida e liberdade. Pressupostos ontológicos da ética da responsabilidade de Hans Jonas. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.

Este livro aborda a ética da responsabilidade, conceito desenvolvido pelo importante filósofo alemão Hans Jonas. Conhecida como uma das principais teorias morais para o momento em que vivemos atualmente, a era da civilização tecnológica, a ética da responsabilidade visa guiar as ações humanas no cenário distópico em que a tecnologia vem sendo desenvolvida, tendo como plano de fundo o reconhecimento do valor de bem em si que a vida possui. Segundo Jonas, só uma ética fundada em uma interpretação adequada do fenômeno do Ser estaria apta a guiar as ações do ser humano no crítico momento da humanidade. Esta obra tem por objetivo apresentar de que modo Jonas concebe os conceitos de vida e liberdade, presentes em uma filosofia da biologia, como conceitos fundamentais, ou de outra maneira, como pressupostos ontológicos para a fundamentação de sua teoria. A obra de Jonas tem como horizonte um objetivo comum: superação do dualismo inerente à tradição filosófica ocidental por meio da elaboração de uma ontologia fundamental em que o fenômeno do Ser seja interpretado em sua integralidade, com base em sua manifestação mais objetiva: o fenômeno da vida.

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VIANA, Wellistony C. Hans Jonas e a filosofia da mente. São Paulo: Paulus, 2016.

A filosofia da mente tem se unido à física, à biologia, à neurofisiologia, às ciências cognitivas e à psicologia para desvendar, basicamente, dois "mistérios": 1) Qual a natureza desse fenômeno chamado consciência? Ela pode ser reduzida a elementos físico-químicos ou constitui uma entidade ontológica diversa do físico? 2) O que significa dizer que somos seres livres que agem consciente e responsavelmente, e não determinados por fatores internos ou externos? O autor enfrenta essas questões trazendo ao debate o pensamento de Hans Jonas e, assim, nos abre um quadro teórico diferente e crítico para a consideração dessa problemática. Além de discutir a filosofia de Jonas no contexto da filosofia analítica, o livro procura dar duas contribuições específicas: de um lado, deseja ser uma introdução aos problemas da filosofia da mente, que sem dúvida lançará o leitor na querela atual acerca das relações entre mente e cérebro; de outro lado, o livro pretende expandir os estudos sobre a filosofia de Hans Jonas, um autor em descoberta e com matizes ainda não apreciados.

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GONÇALVES, Flávio José Moreira. Desafios da ética na ciência. Uma abordagem com fundamento no princípio responsabilidade de Hans Jonas. Curitiba: Juruá Editora, 2019.

A tradição antropocêntrica da ética ocidental tornou-se incapaz de re­solver os grandes dilemas morais oriundos do progresso da civilização científico-tecnológica. O advento da pós-modernidade, com suas in­certezas e perplexidades provocadas pelas teorias científicas abalado­ras da visão que o homem tinha do mundo e de si mesmo, alterou substancialmente a forma como nos relacionamos com o meio ambiente. A estes fatores somam-se os extraordinários progressos da pesquisa científica, sobretudo nas áreas da física quântica, da engenharia genéti­ca e da nanotecnologia. Se o paradigma ético da modernidade, erigido a partir dos postulados da mecânica clássica e inspirado largamente nas categorias de Descartes, Bacon e Kant, concebia a relação homem-na­tureza como uma relação de dominação, produzindo a separatividade entre homem e natureza, sujeito e objeto, corpo e alma, mente e es­pírito, ser e dever ser, a crise da epistemologia cartesiano-newtoniana tem conduzido a uma nova visão de mundo, a uma nova cosmologia, mais sistêmica e menos fragmentária.O desenvolvimento científico-tecnológico está a revelar cada vez mais a complexidade dos sistemas vivos e das suas relações. A filosofia não pode ficar alheia a estas novas configurações do saber. Isto põe a exigência de uma ética universal e solidária que se estabeleça também no domínio da pesquisa científica, adequada à civilização tecnológica e nascida a partir do diálogo entre as diversas formas de conhecimento, já que as tecnologias advindas da pesquisa estão afetando significa­tivamente o nosso meio ambiente, pondo em risco a subsistência da biosfera. É nesta perspectiva que se situa a ética da responsabilidade, de Hans Jonas. Procuramos discutir em que medida a ética da respon­sabilidade é capaz de solucionar a carência de uma ética planetária, que repense a relação homem-natureza, contribuindo para salvar Gaia da destruição e elevando as ciências ao patamar de saberes nos quais a técnica não suplante a necessidade de preservar os valores fundamen­tais, entre os quais a integridade da vida, em qualquer das suas múltiplas e diversificadas formas.

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OLIVEIRA, Jelson; FROGNEUX, Nathalie; VASCONCELOS, Thiago. Terra nenhuma: ecopornografia e responsabilidade. Caxias do Sul: EDUCS, 2020.

A vasta experiência do autor como juiz e professor permitiu-lhe a elaboração de um trabalho claro, objetivo e conciso, mas sem sacrifício da sua abrangência e profundidade. As controvérsias teóricas e as citações doutrinárias ou jurisprudenciais foram evitadas, na medida do possível, para não sobrecarregar a obra, não obstante, contém a síntese das mais avançadas e atuais posições sobre variados aspectos da responsabilidade civil.ao examinar os pressupostos da responsabilidade extracontratual subjetiva, o autor dá ênfase especial ao estudo da culpa e do nexo causal, pontos normalmente relegados a segundo plano pelos civilistas, enriquecendo o texto com exemplos coligidos dos casos concretos que chegam aos nossos tribunais. Pode-se dizer que os seis primeiros capítulos do livro contêm uma verdadeira teoria geral da responsabilidade civil.em seguida, estuda a responsabilidade extracontratual objetiva - evolução doutrinária, requisitos e hipóteses de incidência -, além de percuciente exame da responsabilidade da administração pública. por fim, a responsabilidade contratual - analisando suas características, pressupostos e princípios -, sendo, aí, dedicados alguns capítulos ao exame de responsabilidade pela quebra dos mais importantes contratos - como do transportador, do construtor e do incorporador, das instituições bancárias, do segurador etc. Dedica, ainda, um capítulo ao código do consumidor, coloca as linhas mestras da responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços em face do consumidor. Finalmente, dedica um capítulo à cláusula de não indenizar, e outro à influência da sentença criminal na esfera civil.a obra, totalmente atualizada, também está enriquecida com a abordagem de todas as alterações introduzidas na responsabilidade civil pelo código atual, entre as quais o abuso do direito como ato ilícito, as novas cláusulas gerais de responsabilidade objetiva, a responsabilidade dos incapazes e outras inovações.?

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OLIVEIRA, Jelson; MORETTO, Geovani; SGANZERLA, Anor. Vida, técnica e responsabilidade. Três ensaios sobre a filosofia de Hans Jonas. São Paulo: Paulus, 2015.

A filosofia de Hans Jonas não só exprime questões de insigne importância teórica, como está marcada por um prodigioso sentido histórico-existencial, porque é forjada em meio aos mais graves, cruéis e inquietantes eventos do século vinte: as duas grandes guerras, o horror dos campos de concentração, a bomba atômica, a crise ambiental, o avanço desenfreado das tecnologias, os experimentos com seres humanos e a crise dos fundamentos traduzida pelo niilismo cultural. Por ter convivido com alguns dos mais importantes pensadores de sua época, a começar por seus mestres Bultmann, Husserl e Heidegger, mas também os seus amigos Günter Anders, Leo Strauss, Karl Löwith, Gershom Scholem, Hans-Georg Gadamer, Karl Jaspers e sua amiga por toda a vida, Hannah Arendt, Jonas incorpora tais questões em sua filosofia, com admirável lucidez, fazendo delas sua tarefa filosófica na forma de três problemas fundamentais: o desafio de uma nova ontologia da vida, um diagnóstico sobre os perigos da técnica, a proposta de uma nova ética baseada no princípio responsabilidade. O livro que o leitor tem em mãos é uma espécie de encontro na casa de Jonas. Hospedados na sua presença, reconhecemos a urgência de sua companhia para a travessia do século que é nosso.

JONAS, Hans. LOPES, W. E. S. Heidegger e a Teologia. Revista de Filosofia, Aurora, Curitiba, v. 28, n. 43, p. 331-362, jan./abr. 2016.

O texto apresentado a seguir é uma tradução do ensaio “Heidegger and theology” (In: JONAS, Hans. The phenomenon of life: toward a philosophical biology. Evanston, Illinois: Northwestern University Press, 2001, p. 235-261).

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SOUZA, Grégori de; BUGALSKI, Miguel; VASCONCELOS, Thiago. Hans Jonas: desafios de uma filosofia para o futuro. Curitiba: Editora CRV, 2021.

Do ecofeminismo ao ecocídio, passando pela dignidade humana e extra-humana, a proposta do livro que aqui entregamos na mão do leitor, é fruto das contribuições dos pesquisadores italianos, franceses, colombianos e brasileiros, homens e mulheres que participaram da II Jornada Hans Jonas, com objetivo de proporcionar mais uma ferramenta de aperfeiçoamento do debate filosófico em torno do pensamento jonasiano e dos temas com os quais ele dialoga.  É preciso desafiarmos nosso modo de vida e de pensamento para reconquistarmos, enquanto há tempo, as condições de possibilidade de uma vida futura no planeta. Essa é a tarefa da filosofia do presente e do futuro. “[...] É essa herança que este livro recolhe e que ele projeta adiante, com a tarefa não apenas de dar continuidade ao que já foi feito até aqui, mas de consolidar essa recepção e qualificar ainda mais a pesquisa sobre as várias nuances do pensamento jonasiano. [...] Também quanto a isso esse livro é uma seta: ele indica uma direção para a própria filosofia brasileira, na medida em que articula a exegese dos textos filosóficos com alguns dos problemas mais prementes da nossa sociedade, algo que encontra nutrientes importantes na obra de Jonas, como pensador das religiões, da democracia, do meio ambiente, da relação entre natureza e civilização, dos limites da ciência, do progresso tecnológico, das utopias, do desenvolvimentismo, do consumismo, do melhorismo pós e transumanista, da responsabilidade e dos vários desafios da bioética." 

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FARIAS JUNIOR, João Batista. A RESPONSABILIDADE POLÍTICA PELO MUNDO COMUM:
diálogos com Hans Jonas e Hannah Arendt. Curitiba: Editora CRV, 2021.

Seguindo o exercício arendtiano de “pensar o que estamos fazendo”, neste livro trazemos a urgência de considerar os danos causados ao meio ambiente e aos seres vivos em geral pelo capitalismo junto às democracias liberais e buscar saídas para tal crise. Trata-se de um chamado para a reflexão e construção de alternativas ao modelo político-econômico então vigente na maior parte do mundo. Para tanto, partimos das obras de Hans Jonas e de Hannah Arendt, filósofos que trataram com maior seriedade o tema do cuidado e da responsabilidade pelo mundo que nos acolhe e serve de lar. Destacando as contribuições comuns e individuais de Jonas e de Arendt ao problema de pensar a ação humana, buscamos em ambos os elementos que nos levem à construção de uma política da responsabilidade. Nosso horizonte aponta para as experiências revolucionárias das assembleias e dos sistemas de conselhos, exemplos de políticas extraordinárias e que assinalam as possibilidades para que a política concilie liberdade e responsabilidade na forma de participação direta dos cidadãos nos assuntos comuns, bem como o florescimento do cuidado pelo mundo no qual agimos.

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RODRIGUES, Sandra Maria de Souza. O Princípio Responsabilidade: Das Reflexões de Hans Jonas ao Fundamento Relacional da Fraternidade

A ética proposta por Hans Jonas tem caráter filosófico - político, porque preenche o vazio deixado pelas inovações tecnológicas que privilegiam as ações individuais e assume caráter coletivo e institucional através da responsabilidade legitimamente constituída. Repensar a maneira de pensar é, para Hans Jonas, o ponto crucial para a tomada de atitudes responsáveis, principalmente no âmbito político, sendo o homem político o seu modelo de responsabilidade por excelência, no momento que ele faz uma escolha livre de doação ao bem comum. Para sermos realmente responsáveis uns pelos outros em uma condição de igualdade substancial precisamos reconhecer o fundamento relacional da fraternidade, que através da liberdade, proporciona ao ser humano contemplar a realidade com a consciência que possui responsabilidade, através de suas ações ou omissões, de manter ou destruir a humanidade. A responsabilidade fraternadá novo significado à vida humana, realizando o ser humano que reconhece sua plenitude através da relação com os outros seres humanos, com a natureza e com o Criador de todas as coisas, sendo capaz de responder à vida através dos desafios colocados, cotidianamente, diante de nós, contribuindo com a gestão do mundo, assegurando o futuroda humanidade.

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MOREIRA, José Carlos. Contribuições de Hans Jonas aos desafios da técnica. Editora Appris, 2022.

O livro Contribuições de Hans Jonas aos desafios da técnica pretende mostrar que o último século entregou ao atual uma civilização marcada por inúmeros avanços e transformações no âmbito da tecnociência. Verdadeiramente, essas transformações impuseram-se como normas da civilização tecnológica moderna. Com isso, a técnica converteu-se em vocação da humanidade, de modo que tudo que seja da ordem humana precisa passar pelas insígnias daquela que vem determinando nosso modo de ser e agir. A tecnociência prefigura o Prometeu desacorrentado, cujo desejo de saber lhe confere um poder de grandeza tamanha, que a esperança de realização nele depositada converteu-se em ameaça para seu próprio autor – o homem. Sendo o poder excessivo da técnica uma ameaça para o homem, ela se torna um problema filosófico e igualmente um problema ético. Eis a preocupação do filósofo alemão Hans Jonas, qual seja: elaborar uma nova ética que oriente o homem na nova realidade antropológica na qual vivemos. Jonas adverte-nos de que se, por um lado, a ciência confere forças antes inimagináveis ao Prometeu desacorrentado, por outro, agora, o afã tecnológico moderno clama pelo despertar de uma ética de responsabilidade que seja capaz de pôr freios voluntários ao progresso desmedido daquele. Somente o despertar de uma prudência responsável impediria o poder dos homens de se transformar em uma catástrofe para eles mesmos. Se houve uma transformação imensurável na ação da técnica, a ponto de se converter em ameaça para seus próprios autores, é preciso que no presente imediato seja também transformada a ação ética, capaz de assegurar indeterminadamente a permanência da vida humana e extra-humana no futuro. 

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SOUZA, Grégori de; OLIVEIRA, Jelson; BUGALSKI, Miguel; VASCONCELOS, Thiago. UMA TAREFA COMUM: Hans Jonas e o Papa Francisco em diálogo sobre a responsabilidade. Curitiba: Editora CRV, 2023.

Este livro parte de uma intuição: caso pudessem conversar, o filósofo alemão Hans Jonas e o Papa Francisco não só teriam muito a dizer um ao outro, como partilhariam muitas preocupações em relação à atual crise ambiental que abala a nossa civilização. Ambos reconheceriam que têm uma tarefa comum e que ela envolve temas tão diversos como a ecologia integral, a justiça ambiental, a tecnologia e seus desafios éticos, a preocupação e a responsabilidade com o futuro, o papel da religião, das ciências, da teologia e da educação, a autenticidade e a vulnerabilidade da vida, os rumos do pensamento e da ação ecológica, os desafios políticos e a autogestão social, o humanismo fraco, a visão sobre os animais e as plantas, entre outros. Essa lista serve como orientação para que pensemos esse diálogo que, embora possível, não aconteceu, mas que os quinze capítulos deste livro pretendem possibilitar. Esse esforço, como se vê, não é ocioso. Ele traduz o empenho de todos/as que se reúnem em torno do pensamento de Hans Jonas e servem-se dessas intuições para assumir, na teoria e na prática, essa tarefa que é comum porque é de todos e todas nós.

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OLIVEIRA, Jelson; SOUZA, Grégori de; VASCONCELOS, Thiago; BUGALSKI, Miguel; TIBALDEO, Roberto Franzini. ECOS DA NATUREZA. Curitiba: Editora CRV, 2023.

A presente coletânea vem a lume pelo esforço de pesquisadores e pesquisadoras do Grupo de Trabalho Hans Jonas, da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia do Brasil, organizados/as no Centro Hans Jonas Brasil e na Cátedra Hans Jonas da PUCPR. Os textos que formam o livro foram apresentados e discutidos no VIII Colóquio Hans Jonas, realizado concomitantemente à III Jornada Hans Jonas, que teve lugar em Curitiba, no verão de 2022. O tema do evento, Ecos da natureza, traduz a preocupação teórica que mobiliza os/as autores/as dos textos que formam a presente coletânea: escutar o apelo das coisas mudas, compreender suas mensagens e atuar em vista da preservação da vida em suas diferentes formas. Os textos aqui reunidos, de autoria de pesquisadores/as de diferentes países, instituições, abordagens e níveis acadêmicos, expressam um mesmo compromisso: ouvir os ecos da natureza, para os quais a própria obra de Hans Jonas emprestou sua voz e atenção, esforçando-se para propor uma resposta ontológica, ética, política e bioética na forma da responsabilidade.

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OLIVEIRA, Jelson. MOEDA SEM EFÍGIE: a crítica de Hans Jonas à ilusão do progresso. Curitiba: Editora KOTTER, 2023.

O Progresso é uma das marcas centrais da Modernidade, servindo de epíteto laudatório para as ações humanas que, amparadas no avanço tecnocientífico, atiraram-se contra a Natureza, validadas por uma ilusão autoconfiante que tudo explora e instrumentaliza a seu favor. As consequências nefastas dessa ilusão não tardaram, contudo, a aparecer e suas implicações são de tal gravidade que exigem uma análise crítica de um dos mais importantes fundamentos de nossa civilização. A essa tarefa a Filosofia deve entregar-se (a sua primeira “tarefa cósmica”) e a ela Hans Jonas emprestou sua voz, denunciando o Progresso como uma moeda sem valor que, embora gasta e sem efígie, continua sendo usada como [otimista e perigosa] ilusão e objeto de crença. Tal tarefa começa de forma descritiva e pressupõe um esforço axiológico capaz de aferir a real validade das mudanças em andamento. O resultado é uma perspectiva crítica, que denuncia a falsidade da moeda e elenca a urgência de novos valores, tais como a frugalidade, a moderação e, sobretudo, a responsabilidade. Ao invés da ilusão do Progresso, Hans Jonas defende um Progresso com precaução. 

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